QUINTA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO
Na penumbra do quarto de hospital, um homem mais velho, de cabelos grisalhos, estava sentado, segurando a mão de sua filha. Estava sentado ali desde a noite anterior. Algumas vezes, seus olhos acabaram se fechando, mas ele, rapidamente — com a força da vontade — abriu-os novamente.
Às três e meia da manhã, sua filha, de 40 anos, expirou pela última vez. Calmamente.
Ele ouviu como a respiração dificultosa dela tornou-se mais superficial a cada inspiração e, depois de apenas meio minuto, parou. Devia ser aquilo que se chamava de uma morte tranquila.
Uma enfermeira madura aproximou-se rapidamente e acendeu a luz forte do teto. Lançou um olhar experiente para o monitor sobre a cama. A respiração e os batimentos cardíacos tinham parado. A mulher apertou um botão para solicitar assistência, mas começou imediatamente a examinar a paciente.
O homem alto de cabelos grisalhos levantou-se com dificuldade e, sem dizer uma palavra, atravessou lentamente o cômodo, rumo ao silêncio noturno do corredor. Desceu as escadas e saiu para o escuro estacionamento diante do hospital. Naquele momento, havia poucos carros estacionados ali, e ele entrou em seu Range Rover preto.
Ele permaneceu sentado no banco do motorista, olhando para a escuridão. As primeiras lágrimas saíram dos olhos e escorreram por seu rosto enrugado, precedendo o colapso em si. Seu rosto contorceu-se em uma careta grotesca, e ele se lançou sobre o volante, soluçando alto e desesperadamente na noite escura de outono. Era a primeira vez em muitos anos que Knud Emmanuel Tranedal chorava. A última vez tinha sido quarenta anos antes, quando sua amada filha Gitta nasceu e a mãe dela morreu logo depois.
Agora Gitta também estava morta.